segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Resumo do UFC 144 (Japão)

UFC Japão: Henderson novo campeão, Rampage entra com música do PRIDE

Um grande evento de MMA no Japão, no Saitama Super Arena em Tóquio com lotação máxima. O UFC 144 provocou inevitável nostalgia que dominou o mundo do MMA, que lembrou com saudades do PRIDE. Vários lutadores do UFC que lutaram no extinto evento japonês poderiam figurar o card, mas o próprio Dana White já se mostrou incomodado com as comparações entre os shows, e talvez por isso tenha deixado astros como os brasileiros Wanderlei Silva, Rodrigo Minotauro e Maurício Shogun de fora desta edição. Porém, os lutadores escalados para a volta do UFC ao Japão após 12 anos não deixaram a desejar.

A noite ficou marcada pela participação da torcida japonesa, sempre calada, pelas vitórias de virada, como as de Vaughan Lee, Takanori Gomi e Tim Boetsch, pela entrada de Quinton Rampage Jackson com a música do PRIDE, e pela vitória de Ben Henderson, novo campeão dos leves do UFC.

 
Ben Henderson toma cinturão de Frankie Edgar

A luta principal da noite valia o cinturão dos leves. O campeão Frankie Edgar encarou o ex-campeão do WEC Ben Henderson, visivelmente maior e mais forte. Logo no início do combate, Edgar segura a perna de Henderson, que tenta acertar o oponente com a perna de apoio. O campeão usou sua conhecida movimentação para evitar dar a vantagem da envergadura para o desafiante. Edgar se viu em apuros quando Ben atingiu uma pedalada que levou o adversário a knock down .

Henderson dominava as ações em pé, machucando Edgar, que mostrou outra vez sua determinação e resistência a pancada. No chão, Ben quase finaliza Edgar numa guilhotina, defendida pelo faixa preta de Renzo Gracie. O desafiante continuou melhor por todo o combate, usando as maiores envergadura e força em seu favor, e resistindo às tentativas de ataque de Edgar. A vitória do novo campeão veio na decisão unânime.

“Sei que o atingi forte, foi a intenção. Usei meu tamanho como vantagem”, disse o novo campeão dos leves do UFC.

Rampage empolga com música do PRIDE, mas luta mal e perde para Bader

No penúltimo duelo da noite, Ryan “Darth” Bader entrou ao som da “Marcha Imperial” de Guerra nas Estrelas. Em seguida, na sua esperada volta ao Japão, Quinton “Rampage” Jackson, que já tinha a torcida dos japoneses, emocionou fãs ao redor do mundo ao entrar com a clássica música do PRIDE, fazendo com que até quem não viveu o evento ficasse arrepiado.

Porém, no combate, Jackson não empolgou tanto. Fora de forma e ritmo, de bom mesmo só conseguiu uma bela queda em Bader, que caiu de cabeça, mas resistiu, apesar de tonto. Bader insistiu em combinações curtas de golpes e tentativas de quedas. Quando punha a luta no chão, Rampage não tinha muito o que fazer a não ser se defender de finalizações e do ground and pound. O panorama não mudou em favor de Jackson, e Bader obteve a vitória por decisão unânime.

Hunt nocauteia Kongo; Okami é surpreendido por reação de Boetsch; Shields vence sem convencer novamente

Era fácil apostar em nocaute no 1º round como resultado da luta entre o ex-PRIDE e K1 Mark Hunt e Cheick Kongo, dois strikers de mãos pesadas. Hunt foi para a luta com a experiência de ter lutado no PRIDE e no K1, mas com iguais números de vitórias e derrotas no MMA. Kongo também apresentava cartel irregular, mas não perdia havia 4 lutas.

Kongo começou respeitando a trocação de Hunt, e tentou a queda, ficando no clinche. Mas não demorou muito para Hunt conseguir o primeiro knock down. A luta continua em pé, e o lutador de Samoa caça o francês, que tenta fugir mas é pegou com três golpes de direita e cai. Hunt consegue a 3ª vitória seguida na carreira.

Yushin Okami vinha de derrota para Anderson Silva no UFC Rio 1, e precisava da vitória em casa para provar sua condição de top da categoria médios. Contra Tim Boetsch, teve precaução contra as mãos pesadas do americano nos dois primeiros rounds, vencendo claramente, dominando a luta em pé, e chegando a montar e atingir duros golpes no fim do segundo round.

Porém, no terceiro round, Boetsch surpreendeu e justificou o apelido de Bárbaro, caçando e abatendo Okami com diretos e fechando com três ganchos que apagaram o japonês. Bela virada de Tim, e sua terceira vitória no UFC.

Jake Shields chegou ao UFC credenciado como campeão do Strikeforce. Estreou de forma decepcionante contra Martin Kampmman, mas vencendo. Acabou derrotado por Georges St.-Pierre e Jake Ellenberger, e precisava da vitória contra Yoshihiro Akiyama.

Jake mostrou novamente sua trocação com golpes sem contundência. Levou belas quedas de judô de Akiyama, e não foi bem sucedido em suas tentativas de pôr a luta no solo. No segundo e terceiro rounds, Jake pontuou com jabs, e não fez muito mais que isso, mas contou com a apática atuação de Sexyama. Shields então faturou na decisão unânime, e Akiyama sofreu a 4ª derrota seguida no UFC.

Hatsu Hioki vence e convence contra Palaszewski, Pettis vence e pede title shot

O japonês Hatsu Hioki dominou as ações contra o polonês Bart Palaszewski. Ganhou o centro do octógono, acertou os melhores golpes, inclusive levando Bart a knock down. Hioki também encaixou um armlock, bem defendido pelo polonês, faixa preta de jiu-jitsu. Hioki foi pontuando com socos, chutes e quedas, e venceu por nocaute técnico. Foi a 14ª vitória do japonês em 16 lutas, a 6ª seguida, e ele já avança na fila para disputar com José Aldo Júnior o cinturão dos penas.

Não é sem motivo que Anthony Pettis é conhecido por “Showtime”. Porém, entrou no octógono com desconfiança. Pettis é capaz de derrotar um lutador do nível de Ben Henderson e se tornar campeão do WEC, mas vinha de fraca exibição contra Clay Guida na estreia no UFC.

Showtime tratou de jogar logo para longe qualquer desconfiança. Provou mais uma vez que é excelente striker, e acertou belo chute alto de esquerda em Joe Lauzon, que caiu já quase apagado. Bastaram mais alguns socos para “desligar” de vez o adversário e sair para comemorar na grade, já pedindo luta valendo o cinturão dos leves.


Card preliminar com vitórias de Gomi e Fukuda, e derrota de Kid Yamamoto

Takamori Gomi, único campeão dos leves do PRIDE, iniciou o duelo contra o compatriota Eiji Mitsuoka com a cabeça muito projetada para frente, o que perto do fim do round resultou em um knock down em favor de Mitsuoka. Gomi caiu de costas e teve que resistir até o fim do round a um triângulo invertido. No 2º round, Gomi obtém a virada, acertando golpes e obrigando Mitsuoka a se defender de costas. Gomi pressionou, atingiu o adversário no ground and pound e o árbitro interrompeu o combate.

Kid Yamamoto começou o combate mostrando que os treinos com o mestre brasileiro de muay thai Sérgio Cunha na Mecha MMA no Canadá fizeram efeito. O japonês conectou bons socos no início do combate, deixando o inglês grogue e o fazendo buscar a grade para não cair. Lee resiste, e então consegue a virada. Acertou belo cruzado de direita na orelha de Kid, que leva um knock down. Lee vai para cima e, num vacilo do japonês, encaixa um triângulo. Yamamoto escapa na raça, mas Vaughan faz a transição para o armlock e finaliza Kid, para a tristeza total da torcida, que o tem como um de seus maiores ídolos no esporte.

Já Riki Fukuda animou os japoneses. Melhor em pé contra Steve Cantwell, que teve como grande momento apenas uma guilhotina, bem defendida pelo japonês. Fukuda então utilizou um bom boxe, amassando o rosto do americano, mas faltou punch para nocautear. No fim, Cantwell estava exausto, e Fukuda só pressionou mais um pouco para garantir a vitória na decisão unânime dos árbitros.

Premiações da noite:

- Ben Henderson e Frankie Edgar: Luta da noite
- Anthony Pettis: Nocaute da noite
- Vaughan Lee: Finalização da noite

Cada lutador embolsou 65 mil dólares de bônus.


Fote: Alan Oliveira > Portal do Vale Tudo

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